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Menina-Mulher(?), 200?, de João Cutileiro
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Laranja, peso, potência.

Que se finca, se apoia, delicadeza, fria abundância.

A matéria pensa. As madeiras incham, dão luz.
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Apuram tão leve açúcar, tal golpe na língua.
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Espaço lunado onde a laranja

recebe soberania.

E por anéis de carne artesiana o ouro sobe à cabeça.
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A ferida que a gente é: de mundo e invenção.
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Laranja

assombrosamente.
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Doce demência, arrancada à monstruosa
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inocência da terra.


in Última Ciência, 1988, de Herberto Helder
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