_________________________________________________darwin veste zara_______________________________________________

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# Da teoria à prática.








Até aos 30, a mini-saia serve de pretexto para se exibir as cicatrizes dos joelhos, como quem expõe orgulhosamente os troféus das sucessivas conquistas. A partir de então, decide-se mudar de figurino, baixando a bainha para as preservar como se de uma peça de museu se tratasse, atribuindo-se-lhe o valor de obra de arte.



Agora que penso nisto, ocorre-me o tal chavão de que, com a idade, a mulher vai-se tornando conservadora. E até acho que já sei porquê. Deitar tudo a perder, tendo a cabeça a prémio, só tem graça e legimitadade em sede própria, situada na rebeldia da juventude. A trintona que veste mini-saia não só se expõe ao ridículo como ainda se arrisca a que alguém confunda as cicatrizes com as rugas entretanto afloradas na pele dos joelhos. O piropo deixa de o ser dando lugar à acusação da demência ou senilidade precoce; a razão da força espartana deixa de o ser, prevalecendo a velha máxima filosófica sub-60'iana da força da razão. Baixar a guarda, baixar a bainha: preservar, salvaguardar, estimar e valorizar o que de mais precioso se foi conquistando até então. E eis que o medo também deixa de o ser, tornando-se então no mais prudente, se não mesmo no melhor seguro de vida.




mudam-se os tempos, mudam-se as vontades [mentirinha vintage, convencionalmente, aceitável]; muda-se de paradigma, muda-se de guarda-roupa [verdade pós-moderna, difícil de aceitar / adaptar]
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4 comentários:

  1. Anónimo06:36

    Por acaso não estou de acordo.

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  2. fundamente, ou desenvolva um pouco mais...

    gata ;)

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  3. Anónimo09:41

    1º Nunca me lembrei de reparar nas rugas dos joelhos até ler este poste!

    2º Mesmo depois de o ler continuo a achar que vale sempre a pena continuar a usar mini-saias e calções!

    3º Tenho um pedaço mais que trinta anos, diga-se, e nunca me ocorreram preocupações dessa ordem. Daí não estar de acordo, ou seja, é possível ter mais de 30 anos e nunca ter tido preocupações dessa natureza!

    4º Com a idade mantenho-me essencialmente igual nessa matéria. Talvez com mais sofisticação, apenas.

    5º Na rebeldia da juventude preocupava-me mais em seguir os padrões estéticos do "grupo" :-)

    6º "trintona" !?!?!? Acho incrível quando ouço gente nessa faixa etária a dizer que estão velhos!!! Quando chegarem à minha idade (50) já devem estar sepultados! Esquecem-se que quando chegarem à minha idade, a não ser que tenham desbundado muito, vão sentir-se ainda jovens... (mas talvez continuem a não o admitir).

    7º Continuo a ouvir piropos e conheço muito boa gente da minha idade que também os ouve. E uma rapariga vai sabendo distinguir o olhar de quem nos acha atraente, independentemente de saberem ou não a nossa idade.

    É a experiência que tenho.

    A beleza vem, de facto, de dentro. Mesmo quando da aparência se trata.

    Podemos ser belos em qualquer idade. Isto não é uma máxima. É uma verdade. Tudo depende dos nossos olhos e dos olhos de quem procuramos.

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  4. Anónimo23:42

    Também passei bem dos trinta, querida Lara, e sou portanto uma velha "trintona" e que usa saias, vestido e shorts acima do joelho - até por uma questão estética: sou baixa, não me fica bem qualquer comprimento, e quanto menos se corta a silhueta, melhor. E porque gosto. O que acho é que, esteticamente, e nem moralmente falando, acho bem mais bonito um curto em pernas bonitas de 40 anos do que em gorduchentas de 18. Depende do modelo, estilo pessoal, etc. Mas bom senso deve-se ter em qualquer idade.
    (Entendi seu texto, sempre a escrita primorosa! mas há tanto não aparecia aqui, vim saber o que se passava e não resisti a uma 'falastrice'!)
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    K.

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