____________________a atracção pelas figuras reclinadas, deitadas e sentadas: manifesto pelo exotismo________________



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#Notes d'un Peintre, 20h38m

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"Se me apanho"... ouve-se vezes sem conta alguém dizer. E o nosso raciocínio tende a completar o que se pressupõe: ...a dormir, a descansar, de folga. É um lamento. O nosso corpo que se nos escapa. E foge-nos a que velocidade...? "Se me apanho" indica que já nem o nosso próprio corpo nos pertence, estando também ele refém do tempo. E quem governa o Tempo?

Houve um tempo áureo de otium cum dignitate, um tempo de realização e de filosofia, da aurea mediocritas, mas depois sucedeu-lhe o declínio, dizem. Uns culpam o cristianismo, outros apontam-lhe o nome de Constantino, outros: os árabes, acusando os muçulmanos. Entre os senhores e o domínio entra em jogo o prefixo neg— .Condenar o ócio passou a ser a regra principal. Neg-ócio.

Enquanto isso fermenta-se o pão e o circo ou comentários nas redes sociais, distração ou jocker, a ilusão do poder. Vende-se o slow/lazer a preço de ouro e fast/gadgets ao desbarato. "Ah se me apanho"...pensam enquanto se emojionam. "Parar é morrer" - mentira que nos oferecem, como é óbvio. "Pára um pouco para pensar" — a verdade que sai cara. Porque não há tempo. Das costas voltadas para o chão da coutada monástica às mãos que seguram o volante na segunda circular de olhos postos na fila enquanto se trauteia aquela música matinal que passa nas rádios comerciais nada mudou: it's all about the money, money, money...
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